A Terra - um planeta em mudança

A Terra - um planeta em mudança

Princípios básicos do raciocínio geológico

Desde muito cedo o Homem começou a questionar a fragmentação dos continentes e de que forma a Terra evoluiu ao longo da história.

No século XVII, foram propostas por Wegner as ideias do Catastrofismo. Para este cientista a superfície terrestre sofreu grandes catástrofes, tais como erupções vulcânicas, sismos e inundações, interpretadas como manifestações da intervenção divina. É importante salientar que nessa época, a Igreja desempenhava um papel importante na sociedade e dessa forma a teoria referida não se opunha com a interpretação bíblica da origem da Terra.  

No final do século XVIII, Hutton propôs a teoria que defende que “ O Presente é chave do Passado” - Uniformitarismo. Para Hutton os processos geológicos que actuam presentemente na superfície terrestre são os mesmos que actuaram no passado. A teoria do Uniformitarismo considera que os movimentos tectónicos actuavam de uma forma gradual, o que contrariava as ideias Catastrofistas propostas de Wegner.

No entanto, esta teoria não justificava como é que esses fenómenos podiam ser lentos e graduais, face ao pequeno tempo geológico da Terra. Por essa razão esta teoria foi colocada um pouco de parte, uma vez que era muito “avançada” para a altura que foi criada.

No início do século XIX, surgiram os trabalhos de Lyell - “Princípios da Geologia”. Os trabalhos de Lyell tiveram grande influência perante a corrente Uniformitarista, uma vez que foram lançadas as bases da Geologia moderna e o tempo geológico foi alargado para várias centenas de milhões de anos.

Apesar de serem consideradas ideias muito revolucionárias, as teorias de Hutton e Lyell não explicavam as alterações profundas ocorridas no planeta. Estes geólogos ainda eram, de certa forma, influenciados pelas ideias conservadoras, uma vez que consideravam por um lado que os continentes e as bacias oceânicas mantinham as mesmas posições, mas por outro, admitiam que os continentes teriam crescido, lentamente por acreção. 

No século XVII, Francis Bacon analisa o contorno de alguns continentes e constata que existiu uma certa concordância entre as linhas de costa da África e da América do Sul.

As ideias defendidas por Bacon só voltaram a surgir em meados do século XIX, através de Cuvier, numa linha de pensamento Fixista designada por “Contraccionismo”.

Cuvier defendia, baseando-se na morfologia da linha de costa de alguns continentes, que teria ocorrido uma movimentação lateral das massas continentais, devido a uma progressiva contracção da Terra.

A teoria Contraccionista considerava que, à medida que decorria o arrefecimento e solidificação da Terra, diminuía o seu volume, o que conduziu a uma contracção. Possivelmente, esta contracção deveria ter começado após a solidificação da Terra, de tal forma a que, ao reajustar-se à diminuição do volume do globo, a superfície terrestre teria sofrido enrugamentos, explicando as formações orogénicas existentes no globo terrestre. Apesar de admitir possíveis movimentos laterais para os continentes, continuava a considerar, tal como as ideias “Permanentistas” defendidas por Lyell, posições fixas para os oceanos e para os continentes.